sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ser vítima, não é ser-se fraco!

Ser vítima é ser forte! Quando se é vítima e nos conseguimos libertar da situação, demonstramos que somos bem mais fortes que o agressor!
Eu sei que sou muito mais forte do que ele. Soube-o no dia que lhe pedi o divórcio!
Foram anos a tentar ser feliz, dizia que era feliz a mim mesma, na esperança de que se dissesse, está mentira muitas vezes, até eu acabaria por acreditar!
Foram nove anos de mentira, para todos éramos o casal perfeito. Muitos nos invejavam. O sorriso durante o dia, dava lugar às lágrimas a noite, abafadas na almofada!
tentei ser a mulher perfeita, fazia tudo o que ele quisesse!
se houvesse alguma coisa que eu gostava de fazer e ele não, deixava de.fazer.
Deixei de falar com grandes amigos. Deixei de viver a minha vida!
Deixei de ser eu!
Vieram os filhos, na esperança parva de que isso o fizesse mudar. Nunca mudam!
Depois, deixei de pensar em mim, os filhos,  por eles qualquer mulher aguenta tudo!
A gota de água foi exactamente há um ano atrás! Estava a arrumar a casa, como todos os dias, tinha que estar sempre tudo prefeito. E como sempre ele estava no sofá a jogar.
Eu tinha perdido bastante peso, havia dias que não me aguentava em pé. Estava doente, tinha uma anemia, culpa minha, culpa da bulimia! Foi o que ganhei com o casamento, esta maldita doença!
Ele nem se apercebia que eu não comia quase nada,e.que o pouco que comia, vomitava!
Nesse dia, enquanto limpava a cozinha, e ele jogava na sala, os miúdos mexeram no computador. Ouvi um barulho e.ele a gritar.
Porquê é que eu não estava a tomar conta dos miúdos, uma vez que ele estava ocupado?
Enfrentei-o, disse-lhe que ele tinha a obrigação de tomar conta dos miúdos. Disse-lhe que qualquer dia ele chegava a casa e não estaria ninguém a espera dele.
A resposta dele: vai, é ali a porta! Não vales nada, és feia, gorda, péssima dona de casa, péssima mãe  e nem para a cama prestas! Se eu quiser arranjo as gajas que eu quiser, não preciso de ti para nada!

Eu só consegui dizer: podes arranjar tantas gajas quantas conseguires, nenhuma é tão parva que te artur tanto tempo quanto eu aguentei!

Fui a cozinha, peguei numa faca, voltei a sala e cortei os pulsos a frente dele! Quando viu o sangue agarrou-me. E pediu desculpa!

Para mim foi o início do fim! Jurei a mim mesma que não voltaria a fazer aquilo, pelos meus filhos, eles precisam da mãe viva, por mais difícil que seja aceitar o divórcio dos pais, era mais fácil do que viver sem mãe!

Comecei em segredo a procurar casa, pedi os papéis para o divórcio.

Quando lhe disse que queria o divórcio, chorou, rastejou, implorou! Prometeu mudar. Eu fiquei a olhar para ele como um cubo de gelo,há muito que tinha trancado os sentimentos em lugar desconhecido, e nem queria saber onde estava a chave.
Nessa noite, ele bebeu todo o álcool que havia lá em casa, eu fiquei a vê-lo, e cada vez me sentia mais forte.
Nessa noite, contei-lhe tudo o que ele me fizera. Ele pediu desculpa!
Para mim era tarde, não havia mais sentimentos, e as lágrimas que corriam no meu rosto eram de alívio!
Tentou tocar-me, eu disse-lhe que não, que tinha nojo! Obrigou-me
a despir-me!  E bateu-me!
Fui ao quarto dos miúdos e levei-os para a minha cama, dormi com eles e com a porta trancada!
No dia seguinte ele veio com flores, prendas, para ele tudo se compra!
Decidi que lhe daria mais uma chance, pelos miúdos.
Fomos juntos a médicos, ele passou a tomar calmantes. O médico disse que eu era o elo mais forte na relação. Hoje sei que ele tinha razão.
cerca de um mês depois, ele disse-me que tinha duas semanas para sair de casa. E que não podia levar os miúdos, caso contrário ele matava-me!
No dia seguinte, antes de ir trabalhar fui ver no jornal anúncios de casas para alugar. Ele viu bateu na mesa. Agarrou-me pelo braço e voltou a ameaçar-me. Desta vez o meu filho estava a ver, peguei na minha carteira e fui trabalhar. Lá falei com a minha patroa e Ela aconselhou-me a ir a polícia ou ir para uma instituição de apoio a  vítima.
Cheguei a casa ele não estava, fiz a mala, escrevi um bilhete a dizer que tinha ido embora, era o fim.
Fui para uma instituição. Estive três dias sem comer nem beber. No corpo as nódoas negras, o coração partido, faltavam os meus filhos.
Quando os fui ver a primeira vez ele quase me matou.
Saí de lá em estado de choque.

Hoje passados  seis meses, tenho os meus filhos comigo, tenho a minha casa, tenho a  minha paz!
Deixei de acreditar no amor!
aprendi  que só posso contar comigo mesma. Que a vida não nos dá segundas oportunidades.
Se quero ser feliz, tenho que ser eu a lutar pela minha felicidade.
Deixei de me preocupar com o que os outros pensam.
Eu sou bem mais forte!

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